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Adotou um filhote de gato? Saiba como cuidar do seu novo gatinho

Adotar um gato é uma delícia. Diferente do que alguns dizem por aí, gatos são companheiros fiéis apaixonados por seus tutores. São cheios de personalidade e enchem nossas vidas de felicidade. Quem tem um gato nunca estará entediado. Mas, se essa é a sua primeira vez cuidando de um filhote de gato, pode ser que você tenha algumas dúvidas. Pensando nisso, preparamos esse guia para te explicar um pouco do universo felino.

A idade ideal para um filhote de gato ser adotado é de 45 dias (seis semanas), pois ele terá feito o desmame adequado e estará com o sistema imune mais forte. A fase de adaptação ao novo lar pode ser delicada, já que o filhote será afastado pela primeira vez de sua mãe. Por isso, tenha paciência com o seu gatinho. A essa altura, seu filhotinho já tem um nome e, por mais que as pessoas digam que gatos não atendem, pode usar e abusar dos nomes. Eles sabem (SIM!) que são eles. Se eles vão te atender, já é outra história (gatos têm muita personalidade rs).

A primeira coisa a se fazer é levar o pequeno para sua consulta pediátrica. Lá, o veterinário vai te informar sobre os próximos passos: vermifugação, vacina e anti pulgas. A vermifugação é necessária para que seu gatinho esteja seguro e possa começar o processo de vacinação. Além disso, ela vai proteger o seu felino de várias doenças indesejadas que podem, inclusive, ser transmissíveis para humanos. 

Vacinação

O calendário de vacinação dos bichanos é específico para cada um deles. O ideal é que as doses da vacina múltipla sejam administradas nos 60 dias de vida (não é recomendado começar a vacinação em gatos antes disso), 90 dias e a 120 dias. Junto com a última dose da vacina múltipla, deve ser aplicada a anti-rábica. Antes disso, nada de contato com outros gatos (a não ser que sejam seus ou você tenha certeza que estão com as vacinas em dia). 

As vacinas polivalentes dos gatos são a tríplice (V3), quádrupla (V4) e quíntupla (V5), sendo os números indicativos de quantas doenças a vacina cobre. A V3 protege o animal da Panleucopenia, da Calicivirose e da Rinotraqueíte. Já a V4, além das doenças cobertas pela V3, também inclui a Clamidiose. A V5 inclui todas mais a leucemia felina, e não é indicada para todos os gatos. Assim como nos cães, temos algumas outras vacinas “não obrigatórias” que seu veterinário vai recomendar caso seu amigo precise.

Acesso à rua

O ideal é que seu gato NÃO tenha acesso a rua. Hoje existem coleiras para gatos, e alguns até curtem um passeio. Se esse não vier a ser o caso do seu animal, não ache que é “seguro” ele passear pelos telhados. Por mais que ele tenha as vacinas em dia, algumas doenças de felinos não tem cura (nem vacina). Também há zoonoses (doenças transmissíveis de animal para humano) com tratamentos muito longos, como a Esporotricose, conhecida como “Doença da arranhadura do gato”. Não exponha seu gatinho a riscos desnecessários. O ideal é ter as janelas da sua casa teladas para manter seu amigo seguro.  

Anti pulgas e carrapatos

Por mais que seu gatinho não tenha acesso a rua, algumas vezes você pode ser contemplado com ectoparasitas (pulgas e carrapatos), especialmente se eles convivem com cachorros que passeiam. Bichanos se lambem frequentemente e, às vezes, eles mesmos se “livram” do problema, mas nem sempre é esse o caso. Como precaução, há os antiparasitários, que podem ser apresentados no formato de coleiras, comprimidos, pipetas e mais.

Lembre-se que medicamentos contra pulgas e carrapatos não devem ser utilizados sem a consulta prévia ao veterinário. Ele vai te indicar qual é a melhor opção para o caso do seu gatinho, respeitando todas as suas peculiaridades e seu peso. Não ache que dar um medicamento indicado para um animal mais pesado vai aumentar sua eficácia. Essa sobredose pode até causar uma intoxicação medicamentosa. Quando os filhotes são muito pequenos e não tem peso o suficiente, o anti pulgas em spray é sempre mais seguro. 

Banheiro

Uma grande vantagem dos gatos é que eles são bastante higiênicos. Eles enterram as suas necessidades de forma instintiva. Por isso, você deve providenciar uma caixinha de areia e escolher o lugar ideal para o “banheiro” dele. A escolha da caixa e da areia vai depender de vocês dois. Existem caixas fechadas, abertas, eletrônicas que se limpam sozinhas e várias outras. E a variedade de areias é ainda maior. A decisão final vai acabar sendo do seu gato.

Tenha em mente que o cheiro da urina dos felinos é bem forte, pois eles a usam para demarcar território (como tigres e leões), então não se assuste. Se você achar que o cheiro está MUITO forte, vá ao veterinário — ele vai ser o melhor amigo de vocês. É essencial manter a ordem na caixinha, limpando a areia todos os dias. Isso porque, por serem muito higiênicos, gatos preferem fazer as necessidades em locais limpos. Caso contrário, eles poderão evitar a caixa e desenvolver problemas no trato urinário. 

Alimentação

Diferente das outras espécies de mamíferos, os felinos fazem parte de um grupo que não produz todos os aminoácidos essenciais para a manutenção de seus organismos, como a Taurina, Arginina e outros. A deficiência desses aminoácidos na dieta pode resultar em graves distúrbios metabólicos. Por isso, é de suma importância que seu gatinho receba uma dieta de qualidade.

Existem rações específicas para cada fase da vida do bichano. O ideal é oferecer a ração de filhotes até ele completar 12 meses. Quando seu felino completar um ano, não troque a ração de uma vez; a ração de filhotes é muito mais palatável (mais gostosa) e eles vão estranhar a ração nova (que é bem menos calórica). A ideia é ir misturando aos poucos a ração de adulto, até trocar 100%. 

Quanto à frequência da alimentação, é importante que o animal tenha alimento disponível sempre que quiser. Gatos não costumam comer seu alimento de uma só vez. Obviamente, isso não significa que a quantidade de alimento deve ser ilimitada; sempre respeite a recomendação da embalagem da ração de acordo com o peso do seu gatinho. Tente repôr a ração duas ou mais vezes por dia (para ficar fresquinha) sem extrapolar o limite diário de quantidade. Gatos que não comem o suficiente podem desenvolver complicações, como a lipidose hepática (acúmulo de gordura no fígado).

Um outro ponto de atenção é a ingestão de água. É comum que gatos bebam pouca água, e por isso seu gato precisa ter acesso à água à vontade sempre. Muitos tutores relatam ter trocar a água frequentemente, pois seus animais só bebe água fresca, ou, por exemplo, com gelo. Caso seu gatinho também seja seletivo com onde bebe água, as linhas pets oferecem soluções interessantes: as fontes. Muitos gatos não gostam do tradicional pote, pois a água fica parada e acaba ficando quente ou “suja”. Sabendo disso, algumas marcas criaram bebedouros com uma bomba que puxa a água do fundo e devolve para a vasilha em forma de cascata. Algumas podem até resfriar a água. Se essa opção não couber no seu orçamento, compre uma bomba de aquário e a adapte a um potinho.

Comportamento

Sendo animais bem mais conectados aos seus instintos primitivos do que os cães, os gatos tendem a ser muito mais territorialistas. Quando um gato se esfrega ou arranha um objeto, ele geralmente está marcando território. A explicação para esse comportamento tem nome: feromônios. Para evitar que seu gato destrua a sua mobília nesse processo, invista em brinquedos. O enriquecimento ambiental é muito importante para gatos. Desde postes de arranhar ou grandes castelos de vários andares com direito a rede e quarto escuro, todas as opções são válidas.

Os feromônios (danadinhos) são o que os gatos espalham pela casa quando se esfregam e arranham; eles estão deixando o cheiro deles por aí. É como se ele andasse pela casa falando “isso é meu, isso aqui também” e, quando ele se esfrega em você ou nas visitas, não ache que o pensamento é diferente. Na cabecinha dele, ele pensa “esse humano me alimenta, então ele é meu”, “esse aqui chegou no meu território, agora ele é meu também” (rsrsrs, é verdade!). O que pode te ajudar são produtos que mimetizam (imitam) os feromônios. Você pode achar esses produtos em forma de spray ou até difusor de ambiente. Esse produto faz o seu gatinho acreditar que já está tudo marcado com o cheiro dele e que ele não precisa continuar “trabalhando” nisso. 

Pêlo e unhas

Outra grande reclamação de tutores são as temidas bolas de pêlo. Gatos gostam de se manter limpos, então se lambem constantemente para se limpar, e acabam ingerindo grandes quantidades de pêlo. Esse pêlo precisa ser expelido e (infelizmente), às vezes, ele volta por onde entrou. Para evitar a ingestão excessiva de pêlo, compre uma escova adequada para o seu gato (pêlo longo ou curto) e o acostume a ser escovado desde filhote. Esse momento pode estreitar o vínculo de vocês, vai diminuir a quantidade de pêlo pela casa e o resolver o problema das bolas de pêlo. Se os problemas persistirem, consulte o seu veterinário e veja os suplementos que podem ajudar na digestão das mesmas.

Quanto às unhas, há alguns cuidados básicos. Se seu gato tiver um poste de arranhar, a chance de você não ter de se preocupar as unhas dele é grande. Alguns gatinhos, mesmo assim, ficam com as unhas bem longas. Cabe a você aparar essas garrinhas. As unhas dos felinos em geral não são como as dos cães, elas ficam “escondidas” e só são usadas quando necessário (são retráteis). Logo, se você for cortar em casa, compre uma tesoura específica para gatos e aperte a patinha para expôr as garras. Vale fazer a primeira vez no veterinário, assim ele te mostra como fazer as próximas. Caso você não se sinta confortável, pode levar seu gatinho no veterinário quando achar necessário. 

Conclusão

Agora que você já sabe que o mundo dos gatos é muito mais do que comer e dormir, se prepare para muita diversão, e não fique chateado se você comprar um castelo e ele preferir a caixa de papelão (até hoje a ciência não conseguiu explicar o porquê deles fazerem isso). Se você adotou um gatinho recentemente, conte pra gente a sua experiência e tire as suas dúvidas! É só marcar @goapp.pet nas redes sociais 🙂

Sobre

Nathália é veterinária e, como boa profissional da área, é completamente apaixonada por bichos. É especializada em tratamento intensivo e internação de animais domésticos. Teve bichos sua vida inteira e hoje divide apartamento com duas gatinhas bem peculiares.

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