Muitos tutores estão se perguntando nessa quarentena: como gastar a energia do meu cachorro sem levá-lo para passear? É comum que cães precisem de atividade e estímulo para não acumularem energia (e, consequentemente, fazerem besteira em casa hehe). Boas notícias! Temos a resposta para você, e ela tem nome: Enriquecimento Ambiental. Vamos te ensinar um pouco sobre esse tema e te dar algumas dicas valiosas de como entreter seu pet.
As vidas de cachorros domésticos e cachorros selvagens são muito diferentes. Num primeiro olhar, nossos pets parecem ter a resposta de tudo! Diferentemente de seus primos selvagens, eles não precisam se preocupar com abrigo, comida ou água. Além disso, seus problemas de saúde geralmente são resolvidos. Parece ser a vida dos sonhos, né? Mais ou menos. O que nos esquecemos muitas vezes é que, em termos físicos e comportamentais, nossos cachorros foram construídos para outro mundo; um mundo muito mais parecido com o de seus parentes selvagens.
Um cachorro selvagem passa até 70% do seu dia caçando e forrageando (procurando comida). Essas atividades gastam muita energia e requerem o uso da capacidade cognitiva do animal. Por outro lado, muitos cães domésticos passam oito horas ou mais esperando seus tutores chegarem em casa. Mesmo quando chegamos, muitos de nós não conseguem dar atenção como gostaríamos aos seus bichinhos. Consequentemente, é bastante raro que cachorros domésticos gastem a energia que precisam e / ou sejam estimulados como seriam na natureza.
Animais que não são estimulados suficientemente possuem maior chance de apresentar problemas comportamentais (ex. destruir móveis e objetos, cavar excessivamente, latir demais, se lamber demais, etc.). A boa notícia é que muitos desses problemas podem ser resolvidos com o enriquecimento ambiental adequado. Muitos estudos apontam benefícios como redução de compulsões, automutilações, agressividade, medo e reatividade. Além disso, ficou claro que o E.A. também melhora a memória e o aprendizado canino, diminuindo a velocidade do declínio cognitivo no final da vida.
Dito tudo isso, vamos falar um pouco sobre os tipos de enriquecimento ambiental. São eles o social, o ocupacional (ou cognitivo), o físico, o sensorial e o alimentar.
Social
O enriquecimento social promove a socialização de cachorros com outros cachorros (essa é uma necessidade básica do seu cãozinho). Considere levar seu cachorro para parques e parcões / cachorródromos para que ele tenha a oportunidade de brincar com grupos de cachorros. É importante que os cachorros sejam compatíveis com o seu cão (por exemplo, pode não ser uma boa ideia apresentar seu cachorro mini ou pequeno a um grupo de cachorros grandes; ele pode ficar com medo e reagir negativamente).
A interação com outros humanos também é válida. Deixe seu cachorro interagir com amigos e família e o leve para visitá-los. Lembre-se que alguns cachorros nem sempre ficam confortáveis com pessoas ou cachorros novos. Se o seu cachorro demonstrar preocupação nessas situações, não o force a nada. A ideia aqui é identificar situações e locais que estimulem o seu cachorro da forma adequada para que ele fique feliz (e nunca desconfortável).
Ocupacional (ou Cognitivo)
Diferentemente de nós, cachorros domésticos não saem para trabalhar todo dia. No entanto, muitas raças foram desenvolvidas para nos auxiliar nas mais variadas tarefas. Por exemplo, Yorkies foram aperfeiçoados para caçar ratos. Border Collies são excelentes pastores e tocam rebanhos de ovelhas instintivamente. Dachshunds (os “linguicinhas”) caçavam texugos. Mas você não precisa comprar um rebanho de ovelhas para entreter o seu cão.
Foque em jogos, quebra-cabeças e tarefas que estimulem o seu cachorro física e mentalmente. Oferecer diariamente a alimentação do seu cachorro em brinquedos interativos é um ótimo começo. Existe uma variedade imensa de brinquedos interativos disponíveis no mercado e variar entre eles evita que seu cachorro fique entediado.
Outra opção interessante é começar a adestrar / treinar seu cãozinho. Adestramento não é só sobre os comandos de “sentar” e “deitar”; é uma ótima oportunidade de fazer seu cachorro trabalhar e pensar, além de te aproximar do seu cachorrinho. Sempre consulte um profissional e nunca faça nada que gere medo ou frustração no seu cachorro.
Físico
O exercício adequado é uma ótima forma de gastar a energia do seu cão, mas existem outras formas de enriquecimento ambiental físico. A interação com brinquedos, por exemplo, é uma forma bastante efetiva de enriquecer o mundo do seu cachorro. A variedade aqui é chave. Estudos mostram que a interação com brinquedos pode diminuir o medo e ansiedade, além de outros comportamentos indesejados.
Outra forma de entreter o seu cãozinho é providenciar um lugar onde ele possa cavar. Isso mesmo. Cavar é um comportamento natural dos cachorros. Se puder, escolha um local no seu quintal e enterre alguns brinquedos e petiscos. Seu cachorro vai preferir sempre cavar naquele local, vai gastar energia e será recompensado quando achar os brinquedos e petiscos.
Uma opção mais inusitada é o treinamento de agility. É importante sempre respeitar os limites físicos e mentais do seu animal, então não force seu cachorro a fazer nada que for desconfortável ou perigoso para ele. Vale consultar seu veterinário também para ter certeza de que a opção é adequada para o seu pet.
Sensorial
Cachorros tem um faro muito apurado (cerca de 40x mais eficiente que o olfato humano) e esse sentido é negligenciado frequentemente. Cachorros “vêem o mundo” através do faro. Por isso, a importância do passeio para que seu cachorro sinta cheiros novos (em condições normais). Durante a quarentena, jogos e brincadeiras focadas no faro são uma ótima forma de enriquecer o ambiente do seu cachorro. Esconda petiscos e brinquedos pela casa para estimular seu animal.
A música também é uma forma de enriquecimento sensorial. Estudos mostram que cachorros que ouviram música clássica para animais com frequência conseguem descansar e dormir melhor, apresentando menores níveis de estresse. Sempre tenha cuidado com o volume e coloque música com moderação. Assim como nós, cachorros não querem ouvir a mesma música o tempo todo.
Alimentar
Cachorros forrageiam (buscam por) comida naturalmente. Na natureza, seu cãozinho passaria horas farejando por aí para achar comidinhas. Por isso, convidamos você a deixar a tigela de lado. Brinquedos como o Kong Wobbler ou o Redondog, por exemplo, dispensam ração ou petiscos quando o seu cachorro interage com eles, exigindo esforço físico e mental. Você também pode esconder a comida do seu cachorro e deixar ele caçar ou procurar, dentro ou fora de casa. Isso permite que ele expresse seu comportamento natural de alimentação.
Veja um pouquinho do Kong Wobbler em ação:
Outras opções interessantes são os brinquedos recheáveis, como o Kong Classic e a Bonequinha da Petgames. Você pode recheá-los com alimentação úmida pronta ou fazer a sua própria pastinha. Fique ligado para as nossas receitas de recheáveis e a lista de alimentos que seu cão pode ou não pode consumir. Também existem os comedouros lentos, que são um ótimo começo para quem quer entreter seu cãozinho na hora da alimentação.
Enriquecimento alimentar também pode incluir sabores e texturas diferentes. Toda vez que você oferecer algo novo, comece com porções menores e cheque com seu veterinário se essa comida é ou não aceitável para o seu pet. Adicione uma ou duas dessas técnicas de enriquecimento alimentar diariamente para diminuir a probabilidade do seu cachorro desenvolver problemas comportamentais. Além disso, ele estará cachorro feliz e entretido.
Conclusão
Através de brinquedos e técnicas, você pode manter seu cãozinho entretido e seguro dentro de casa. Você estará replicando comportamentos que seu cachorro apresentaria na natureza. É sempre importante ressaltar que o objetivo aqui é gerar felicidade, e não o contrário — se seu animal apresentar sinais de frustração ou desconforto, interrompa imediatamente o que você estiver fazendo.
E você, já ofereceu algum tipo de E.A. ao seu cãozinho? Conta pra gente nas redes sociais marcando @goapp.pet 🙂
Sobre
Marcela é idealizadora e co-fundadora da GoApp.pet. Apaixonada por animais, já resgatou desde bem-te-vis até filhotes de gambá. Estuda comportamento canino, ama cozinhar e fazer yoga no tempo livre. Vive com uma cachorra bem boba chamada Panda, e três gatinhos resgatados: Bitsy, Zezinho e Zulu (esse último resgatado na África do Sul).
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