Como adestrar um Border Collie? Por que os Border Collie possuem tanta energia? Venha descobrir as respostas dessas perguntas e muitas outras sobre uma das raças de cães de pastoreio mais populares do mundo.
Os Border Collie são cães muito perspicazes, considerados os mais inteligentes do mundo. São sensíveis e extremamente observadores em relação às mudanças ao seu redor. São extremamente ágeis e ativos, sempre dispostos às atividades mais desafiadoras. Por conta disso, eles necessitam de tutores pacientes e energéticos para terem uma boa qualidade de vida.
Entenda mais sobre a raça abaixo e descubra se o Border Collie é o cão ideal para você!
Origem e função do Border Collie: por que a raça foi criada? É realmente a raça mais inteligente?
Original do Reino Unido, na fronteira da Escócia com a Inglaterra, essa raça tinha como função pastorear rebanhos. Seu instinto natural é cercar e manter todos os animais juntos e parados. Através de treinamento, o Border Collie aprende a responder a comandos para guiar o rebanho de acordo com as solicitações do seu condutor. Hoje, a raça é utilizada para diversas funções além do pastoreio, tendo destaque em esportes caninos como obediência esportiva e agilidade.
O Border Collie é considerado o cão mais inteligente do mundo por sua facilidade de condicionamento e aprendizado. Sua atenção às sutilezas do ambiente faz com que esteja atento a tudo que acontece ao redor e consiga, rapidamente, fazer conexões de causa e consequência entre os fatos. Essa capacidade não está limitada ao adestramento, ou seja, a raça aprenderá independentemente da vontade do tutor, o que pode resultar no aprendizado de coisas inesperadas e que podem ser incômodas.
Quais as principais características físicas de um Border Collie? Qual pelagem devo escolher?
O Border Collie pode ter a pelagem longa, média e curta. Todas as três pelagens são aceitas dentro do padrão da raça. Os cães com pelos mais longos foram criados para trabalhar em regiões mais frias, enquanto os de pelos curtos foram desenvolvidos para trabalhar em lugares mais quentes, especialmente quando a raça passou a se popularizar ao redor do mundo.
O Border Collie é uma das raças com maior variação de cor dentre os cães. Quase qualquer tipo de cor existe nesta raça! No momento de escolher o filhote você deve prestar atenção em duas questões: a primeira delas, é que quanto mais pelagem colorida (e não branca), menor a chance de surdez. Evite especialmente o branco na região da cabeça e orelhas!
Além disto, cães com pelagem merle não podem ter ambos os pais merle, pois casais deste tipo tem 25% das ninhadas com diversos problemas de saúde: um dos pais deve ter a pelagem de qualquer outra cor.
Por que são tão agitados? Eles gostam de exercícios?
Cães da raça Border Collie, por conta da herança genética, costumam ser muito ativos. A raça foi desenvolvida para percorrer grandes distâncias diariamente, devido ao trabalho de pastoreio. Para que pudessem desempenhar bem esta função, eram selecionados cães mais ativos e ágeis. E essas características ainda estão presentes nos cães de hoje, mesmo que eles não precisem mais trabalhar nos campos.
Muitas vezes o Border Collie pode parecer agitado, como se não parasse quieto. Isso pode ocorrer em diferentes fases da vida do animal e é muito possível que esteja sub-estimulado e que precise de atividades para ocupar a mente e exercitar o corpo.
Como os cães dessa raça foram criados para desempenhar resistência física e agilidade durante o trabalho de pastoreio, eles tendem a não demonstrar cansaço. Por isso, é de extrema importância ensinar o cão a parar e descansar, por mais que gostem muito de brincar e correr.
Por que Border Collie persegue e pastoreia? Por que gostam tanto de brincadeiras com bolinhas?
Perseguir e pastorear são comportamentos típicos da raça e faz parte da genética do Border Collie. Tais hábitos não são escolhas do cão, mas uma necessidade da raça. Cães que perseguem e pastoreiam estão simplesmente fazendo o que o homem os selecionou para fazer, é uma reação natural que pode começar desde filhote.
Um Border Collie que não tem rebanhos para pastorear, direcionará seu instinto para outras coisas como gatos, cães, crianças, skates, bicicletas ou qualquer outra coisa que se mova. É muito importante que o Border Collie seja guiado através de treinamento básico e estimulação adequada, para que possa direcionar seus instintos para objetos e situações apropriadas, como bolinhas, frisbees, etc.
Mas cuidado! Não é porque isso é algo que o cão gosta e faz naturalmente que é saudável que ele faça o tempo todo. Cães dessa raça podem se tornar obsessivos por brincadeiras que envolvam bolinhas e isso pode virar um problema. Estimular que o cão brinque de outras formas, não só perseguindo, é importante para a saúde mental do cão.
A famosa obsessão de Border Collies por bolinhas é simplesmente uma maneira da raça redirecionar seus instintos naturais de perseguição e pastoreio. O cão enxerga nas bolinhas a possibilidade de repetir os padrões motores para o qual foi desenvolvido, esses padrões podem ser muito reforçadores e até viciantes para os cães, fazendo com que queiram continuar a repetir o mesmo padrão sem parar.
Isso pode virar um problema pois o cão pode insistir na brincadeira mesmo exausto. Para evitar essa situação, é recomendado que o Border Collie brinque com a bolinha moderadamente e tenha regras claras na brincadeira: começo e fim claros. É importante ensinar o cão a soltar a bolinha, esperar a liberação para pegar e ensinar a desempenhar outros comportamentos antes de perseguir a bola.
Devido a isso, as brincadeiras variadas são extremamente importantes para o Border Collie, para que o foco e o estímulo não sejam apenas em relação às bolinhas. Em atividades variadas o cão pratica comportamentos naturais, aprende formas de interagir com objetos, pessoas e até outros animais, além de se divertir também se exercita fisicamente e mentalmente.
Durante as brincadeiras podemos ensinar regras de convivência e melhorar nossa comunicação com o cão. Mais do que incentivar seu cão a brincar, brinque junto e aproveite esse momento tão especial de diversão e aprendizado!
Border Collie é bravo? Como ele interage com outras pessoas e cães?
Normalmente, o Border Collie não é conhecido por ser bravo ou agressivo, mas como os cães dessa raça são extremamente sensíveis ao ambiente onde estão inseridos, a agressividade pode se mostrar como uma reação aos estímulos ambientais.
Border Collies são sensíveis à sons e movimentos pois essa característica era importante quando eram utilizados para o trabalho de pastoreio, onde deviam reagir prontamente aos comandos do pastor e estar super atentos a qualquer mínima movimentação do rebanho.
Essas características naturais da raça dentro de um ambiente urbano podem gerar medo e insegurança, pois o excesso de barulhos e as mudanças no meio, hiper estimulam os sentidos do cão, podendo gerar muito estresse.
Nos anos iniciais de vida, a socialização é muito importante para que o filhote de Border Collie cresça confiante e calmo com situações novas e mudanças no ambiente. É importante lembrar que não é necessário que o cão interaja prontamente com as novidades, sejam elas lugares, pessoas ou outros animais. O importante é que o cão tenha a possibilidade de observar, sentir os cheiros e ouvir os sons.
Com uma socialização positiva, os cães da raça Border Collie se demonstram extremamente simpáticos e observadores em relação a outras pessoas e cães. Como são muito ágeis e ativos, cães dessa raça adoram pular e correr em volta de seus tutores. É possível notar que muitos Border Collie pulam para se aproximar do rosto do tutor, para que ocorra maior contato físico. Uma dica para lidar com um Border que pula muito, é se abaixar para socializar com ele.
Em ambientes abertos e com outros cães, Border Collies são muito curiosos e exploradores. Esses cães podem ficar muito distraídos com os movimentos e objetos em um ambiente amplo, principalmente na rua, onde eles podem perseguir motos e carros. Esse comportamento de perseguição pode ser perigoso, por isso é importante que eles estejam sempre acompanhados do tutor e de preferência, passeando em ambientes mais calmos.
Quais cuidados específicos um Border Collie precisa?
Tutores de Border Collie devem ficar atentos à alguns medicamentos, como o exemplo da ivermectina. A ivermectina é um dos medicamentos utilizados para controle de endo e ectoparasitas e que deu o nome ao problema conhecido como “intolerância à ivermectina”. Trata-se de um problema genético, que ocorre entre 5 e 10% dos Border Collie e que faz com este medicamento (e muitos outros, na verdade) seja extremamente perigoso para o cão.
Animais intolerantes podem até mesmo morrer ao ingerir estes medicamentos. Geralmente, o veterinário opta por simplesmente não utilizar a ivermectina no Border Collie, porém é possível detectar se o seu cão possui este problema através de um teste genético disponível também no Brasil, chamado MDR1.
Geralmente, Border Collies possuem tendência a problemas de articulação, como principalmente a displasia coxofemoral. Esta é uma doença com fundo genético, mas que se manifesta principalmente em somatório com sobrepeso. O primeiro ano é o período mais crítico para o cuidado com o sobrepeso!
O cuidado com a alimentação irá auxiliar muito na prevenção da doença, mesmo que o cão tenha predisposição genética para ela. Entre 12 e 18 meses é possível realizar um RX coxofemoral para avaliação da articulação. Esta avaliação é bastante interessante para descobrir o quanto deve se preocupar com questões como sobrepeso durante a vida do cão.
É importante avaliar junto ao veterinário, como está o apetite e crescimento do Border Collie. Nesta raça, existem casos de uma doença genética chamada “mal absorção de vitamina B12”. Cães com este problema possuem falta de apetite, cansaço, pouco ganho de peso e, devem receber uma suplementação especial desta vitamina. No caso de não ser diagnosticada e tratada, esta deficiência pode levar a problemas mais graves, e até mesmo à morte. O teste genético (CUBN) está disponível em laboratórios do exterior, o que pode auxiliar no diagnóstico.
Caso o Border Collie demonstre dificuldades de visão, é extremamente aconselhável a procura de um médico veterinário especialista em oftalmologia. A “anomalia do olho do collie” é uma das doenças oftalmológicas mais comuns em cães e possui causa genética. A idade adequada para seu diagnóstico clínico é até as 12 semanas de vida, após isso o aumento da pigmentação no olho dificulta sua visualização. Porém, a existência do teste genético (CEA), disponível também no Brasil, pode facilitar muito seu diagnóstico na fase adulta, uma vez que pode ser realizado em qualquer idade.
- Border Collie idoso:
Border Collies quando saudáveis podem continuar a correr, brincar e treinar além dos 10 anos de idade, tudo depende de como o cão foi cuidado quando mais jovem e se não há problemas de saúde que os limitem. Durante o envelhecimento, é ainda mais importante manter a rotina de atividades do cão. Atividades mentais e físicas são comprovadamente os melhores remédios para manter a saúde física, emocional e reduzir o declínio cognitivo que ocorre decorrente da idade.
Com a idade avançada, os cães passam a ter declínio nos sentidos, podem sentir dores e isso influencia o comportamento. Cães idosos podem não responder aos seus tutores quando são chamados, pois já não escutam tão bem. Pode ser que se assustem com um carinho porque não veem a mão do tutor se aproximando. Cães em idades avançadas podem ficar mais irritados e menos disposto a qualquer movimentação física que antes era natural. Dores articulares são muito comuns nesta fase e podem ser a causa de lambedura compulsiva, ansiedade e até do aumento de comportamentos agressivos.
Com o envelhecimento, a caminhada do cão pode ir se modificando, devido a uma série de problemas com causas diferentes. Uma causa grave e muitas vezes desconhecida pelos veterinários, é a mielopatia degenerativa. Trata-se de uma doença genética, rara no Border Collie, que provoca a perda progressiva e definitiva do movimento, primeiramente de patas traseiras. O tutor tem a opção de realizar o teste genético para a doença (MD ou DM), já disponível no Brasil, que pode ser de grande auxílio no diagnóstico.
Essas limitações podem fazer com que alguns cães se sintam mais inseguros e se tornem mais dependentes. No caso de Border Collies é muito comum uma hipersensibilização a sons que anteriormente não eram um problema. É importante ressaltar que qualquer mudança nítida na qualidade de vida de um cão idoso, merece a atenção e acompanhamento de um profissional veterinário. Veterinários especializados em técnicas integrativas podem estabelecer métodos benéficos durante o acompanhamento de cães idosos, garantindo mais saúde e bem estar nesta fase da vida.
Já aprendi mais sobre a raça e quero comprar um Border Collie
Se você acredita que um cão da raça Border Collie se encaixará bem ao seu estilo de vida, agora é a hora de escolher um canil responsável.
Um canil responsável é aquele que estuda a raça e preza pela saúde dos cãezinhos. É um dos deveres do canil fazer o controle de doenças hereditárias, para que elas não sejam passadas adiante.
Outros fatores como a limpeza e certificação do canil também são importantes. Além disso, um bom canil certamente buscará conhecer um pouco mais sobre você e a sua família, para entender se o Border Collie se encaixará bem no seu estilo de vida. Abaixo estão algumas perguntas que você pode e deve fazer quando estiver interagindo com o canil:
1. Você pode me falar sobre a raça?
2. Há quanto tempo você cria essa raça?
3. Quais são os requisitos que você tem para potenciais tutores dos seus cães, e como você decide quais cães vão para quais tutores?
4. Posso conhecer o canil para entender um pouco mais sobre o temperamento da raça?
5. Você faz exames de saúde nos pais?
Caso tenha alguma outra dúvida sobre a raça Border Collie ou queira orientações do nosso time de veterinários e comportamentalistas, nos contate através do nosso WhatsApp (11) 95250-3604 que será um prazer te ajudar. Até a próxima!
Esse texto foi produzido pelo time de especialistas Woof formado por:
Fabiana Andrade, bióloga, geneticista e coordenadora do grupo Genética Canina;
Dante Camacho, instrutor internacional de adestramento e professor de Pós-graduação em Comportamento e Bem-estar animal;
Laís Milani, psicóloga, adestradora, proprietária e responsável pela área de comportamento na Let’s Doggie, um Day Care para cães no interior de São Paulo que é referência nacional.
