Todos conhecemos a fama que os gatos têm de não gostar de banhos, e acredite: ela existe por uma razão. De fato, a maioria dos felinos não simpatiza com a ideia de tomar banho, e a experiência pode ser bastante estressante para eles. Sabemos que é um assunto polêmico, mas com a ajuda de especialistas esclarecemos aqui tudo o que você precisa saber sobre banho em gatos. Vamos lá?
AFINAL, GATOS PRECISAM OU NÃO TOMAR BANHO?
Sejamos objetivos: não, mas podem haver exceções. No geral, os gatos são animais muito bons na arte de se manterem limpos, e não à toa são famosos por serem animais independentes. A autonomia dos felinos é uma característica notável pelos admiradores de gatos, e os famosos banhos de língua são um desdobramento natural disso.
A língua dos gatos possui centenas de cerdas que atuam como uma escova natural na hora de cuidar dos seus pelos, chamadas papilas filiformes e que, junto com a saliva do animal, umedecem e limpam seus pelos de forma natural.
Os felinos passam horas se lambendo, e isso ajuda na manutenção dos seus pelos, removendo pulgas e sujeiras indesejadas, além de aliviar o excesso de calor. É isso mesmo: gatos são autolimpantes. Por isso, quando seu gato está lambendo suas patas, lombo, cauda ou barriga, ele está simplesmente cuidando da sua higiene e retirando sujeirinhas dos seus pelos.
MAS, ENTÃO, COMO MANTER O MEU GATO LIMPO?
Além do banho de língua que seu felino já estará tomando independentemente da sua ajuda, você também pode contribuir para a higiene do seu gatinho limpando dentro de suas orelhas (com os produtos adequados) cortando suas unhas, e escovando seus pelos (para ajudar a remover o excesso de pelos e evitar que seu gato vomite as famosas bolas de pelo).
Tutores de gatos de raça com pelos mais longos devem realizar a escovação frequente. “Neste casos, é praticamente o cuidado básico com o seu gato”, explica Nathalia Magalhães, clínica geral e médica veterinária do time da GoApp. “Gatos de raça como persa ou angorá podem não conseguir se limpar cem por cento ou ter algum problema de digestão, como bolas de pelo, já que seus pelos são bastante compridos”.
Limpar o interior das orelhas dos gatos também é importante (já que seu gato não alcança a própria orelha e não conseguirá limpá-la sozinho). Você pode utilizar uma gaze de algodão esterilizada e limpar cuidadosamente. É uma região de difícil acesso pelo felino, e mantê-la limpa pode prevenir possíveis infecções e desconfortos. Comece fazendo verificações regulares, para acostumar seu gatinho a ter suas orelhas manuseadas. Caso contrário, o estresse e nervosismo podem fazer mal ao animal.
MESMO ASSIM, SE VOCÊ DECIDIR DAR UM BANHO NO SEU GATO…
Prefira sempre pet shops especializados em que profissionais já saibam como controlar o estresse do animal. Caso você opte por banhar o seu gato em casa, tome alguns cuidados básicos para o bem-estar do seu gatinho. É importante não molhar os ouvidos do bichano para evitar inflamações, não utilizar a água em temperaturas muito quentes e, principalmente, secar o animal com toalhas e não secadores de cabelo.
Se você está na dúvida em dar banho no seu gato, outro ponto a ser levado em consideração é se o seu gatinho já está acostumado a tomar banhos ou não. Parece bobagem, mas alguns animais são adaptados com esses momentos de limpeza desde filhotes, o que torna a experiência menos traumática. Situações desconhecidas e adversas podem desencadear momentos estressantes aos felinos, e o sofrimento é um fator preocupante.
“Gatos são animais que literalmente morrem de estresse. Quando em situações de nervosismo, sofrem alterações fisiológicas, começam a fazer acidificação sanguínea e podem morrer em questão de horas. Então, eu não recomendo”, conta Nathalia. Sendo assim, indicamos que opte por banhar o seu gatinho somente em ocasiões extremamente necessárias e, se possível, consultar um médico veterinário antes.
E sobre a frequência do banho, a profissional alerta: “Não é recomendado mais de um banho por mês. O ideal são intervalos maiores que 45 dias, e isso não vale para todos gatos. Tem casos e casos”.
EXCEÇÕES
É claro que existem exceções e que, em algumas circunstâncias, está tudo bem dar banhos no seu gatinho. Inclusive, algumas raças de gatos até exigem que banhos sejam uma rotina, como é o caso da raça Sphynx, conhecida por não possuir pelos – e, exatamente por isso, os banhos são necessários para remover a oleosidade corporal.
Outros casos que fogem à regra são problemas de saúde ou fisiológicos. A médica veterinária da GoApp nos explica que “alguns gatos que têm úlcera gástrica ou tártaro vão ter naturalmente um mau hálito. E por ficarem se lambendo frequentemente, eles acabam ficando com um cheirinho estranho. Então, para estes casos, o banho pode ser recomendado.”
Limitações fisiológicas também podem ser exceções à regra, como gatos muito gordos ou já idosos, que não conseguem mais se limpar ou têm pouca flexibilidade para alcançar todas as partes de seu corpo. Animais que sofrem com problemas de pele também podem precisar tomar banhos com certa frequência, pois em alguns casos o tratamento é o próprio banho com xampu dermatológico.
Uma alternativa, sempre, é manter a escovação do seu felino em dia. “Com a escovação, você ajuda a tirar aquele excesso de pelo morto, e junto com ele saem sujeiras indesejadas”, explica Nathalia.
CASO SEU GATO VÁ PARA A RUA
Se o seu gato tem acesso recorrente à rua, isso não quer dizer necessariamente que ele precisará de banhos frequentes. É sempre importante lembrar que gatos são animais autolimpantes e bastante higiênicos. Neste caso, existem outras questões de saúde do seu felino que acabam sendo mais relevantes para você ficar de olho.
A médica-veterinária explica: “Se o seu gato vai para a rua, você tem vários fatores muito mais importantes para se preocupar do que a higiene, como doenças virais e até mesmo zoonoses, que são doenças transmissíveis de animais para seres humanos.”
Em algumas ocasiões, pode acontecer do seu felino ter se sujado drasticamente no seu quintal ou na rua – rolado na terra, caído em alguma poça de lama – e não tenha como se limpar completamente sozinho. Nestes casos, tudo bem optar por um banho. Outra exceção é caso os pelos do seu gato tenham se emaranhado.
Além disso, não há problema em dar banho em gatos filhotes recém-resgatados das ruas caso eles estejam muito sujos. O ideal, inclusive, é já aproveitar e levá-los para um médico veterinário especialista para uma consulta pediátrica, para deixar o gatinho com vermifugação, vacinação e antipulgas em dia.
ALTERNATIVAS
Se o seu gato não consegue se higienizar completamente (como é o caso de gatos acima do peso que tem dificuldade em se lamberem na região das costas, pois não a alcançam), existem alternativas menos estressantes e tão eficazes quanto o banho.
Uma delas é misturar duas colheres de sopa de vinagre de maçã em cerca de 200ml de água. Basta pegar um pano limpo (preferencialmente nunca usado antes), umedecê-lo na solução e passá-lo contra o sentido do pelo do seu gato algumas vezes. Você pode escová-lo em seguida. Assim, você remove o excesso de oleosidade sem submeter seu gato ao estresse do banho.
Você também pode utilizar produtos de banho a seco ou lenços umedecidos próprios para gatos, mas evite usar quaisquer produtos muito perfumados ou com cheiros fortes. Por mais que o perfume possa ser agradável para o nariz humano, ele provavelmente será bastante incômodo para o seu bichano (gatos possuem o olfato cerca de 14 vezes mais apurado do que o olfato humano).
Resumindo, banhos em gatos são polêmicos pois são superestimados. A médica-veterinária finaliza: “Se for um gato magro, saudável, limpo e sem cheiros, podem até me perguntar ‘Ah, posso dar banho no meu gato?” e a minha resposta será sempre que ‘Não, não precisa’.” Portanto, lembre-se de prezar sempre pelo bem-estar e conforto do seu felino. Assim, você evita problemas de saúde por estresse e garante uma vida mais feliz e saudável ao seu melhor amigo.
Na dúvida, sempre verifique se há a real necessidade de um banho no seu gato com o auxílio de um médico veterinário. O especialista é sempre a melhor autoridade para determinar o que é melhor para o seu bichano, beleza?
Conseguiu esclarecer todas as suas dúvidas sobre esse tema polêmico? Conte para a gente marcando @woof.pet nas redes sociais. E se quiser falar com um especialista, pode mandar mensagem para (11) 95250-3604 que o nosso time te ajuda. Estamos aqui para isso.
Sobre

Fernanda é jornalista e escreve sobre bichos e direitos animais desde 2018. É apaixonada por literatura, fotografia, adora ir à praia e não vive sem seus 3 gatos: Vagner, Olívia e Nina. Também é mãe da Lola, uma maltês de 8 aninhos, e da Quindim, uma bebê akita. Nas horas livres, assiste a vídeos engraçados de gatinhos.